Há muitos anos, venho vivendo e acompanhando o dia a dia de uma das mais empolgantes e glamorosas das áreas de negócios: a área de vendas. Seus profissionais fazem parte de outro universo dentro da empresa. São vistos como pessoas arrojadas, comunicativas, bem relacionadas, que freqüentam bons restaurantes e que, ao invés de “pegar no pesado”, como nas áreas de produção e administrativas, estão sempre envolvidos em boas conversas e agradáveis encontros nos clientes.
Por outro lado, não conheço profissionais mais cobrados. A sua realidade é dura. Se a empresa teve um mês bom, os elogios duram muito pouco, já que sempre existe a preocupação com o mês seguinte. Se o mês foi ruim, não existe desculpa: a área de vendas não cumpriu o seu papel.
Neste jogo de céu e inferno, um personagem se destaca como catalisador de todo este processo: o Gerente de Vendas.
Em períodos ruins, é o grande vilão da história. Aquele que não soube conduzir seus liderados para o atingimento das metas.
Porém, na minha opinião, ele é um grande herói batalhador, que em seu cotidiano luta bravamente contra as objeções e críticas dos clientes, passa a vida tentando manter alta a motivação e entusiasmo de sua equipe e o que é pior. Ele batalha às cegas durante o mês inteiro, confiante de que a tática escolhida para o período produzirá os resultados esperados.
Pobre coitado! Ele somente saberá se os caminhos escolhido para o período foram corretos depois dos fechamentos, após ter um trabalho imenso para fechar os números das vendas.
Muito poderão estranhar minha afirmação de que eles “batalham às cegas”. Irão perguntar: No mundo de hoje, com todo o arsenal tecnológico existente, alguém ainda não tem acesso às informações que necessita?
Respondo categoricamente que não!
Se analisarmos como as empresas foram se equipando tecnologicamente, facilmente perceberemos um lapso. Inicialmente, houve grandes movimentos para o aparelhamento operacional das empresas. Foi esta a época dos ERPs, ferramentas poderosas e abrangentes, capazes de direcionar toda a operação da empresa, organizando e disponibilizando os dados envolvidos. Nesta fase, digamos que a base da pirâmide corporativa foi atendida.
Numa segunda etapa, vimos as ferramentas de Business Intelligence que, através de processos de organização e consolidação dos dados operacionais, possibilitava a criação de modelos que apoiariam os altos executivos das corporações estabelecerem, com maior clareza, os rumos estratégicos que deveriam seguir. O topo da pirâmide foi atendido.
Porém, como ficaram as gerências operacionais e, em particular, nossa gerência de vendas.
Estes profissionais, por sua formação e familiaridade tecnológica, foram suprindo estas deficiências extraindo dados aqui e acolá (inclusive, de fontes externas aos sistemas, como dados da concorrência e de mercado) e os organizando em suas famigeradas (e brilhantes!) planilhas, que praticamente norteiam suas decisões de dia a dia e os apóia nas tarefas de reportar resultados para a direção de suas empresas.
Estas planilhas são extremamente úteis e poderosas, porém muito trabalhosas e de difícil elaboração, razão pela qual, seu ciclo é reduzido. Em outras palavras, nosso gerente de vendas trabalha sempre com informações ou incompletas ou atrasadas.
Eles praticamente sonham com o dia em que esta realidade possa ser mudada.
Certamente se o nosso Gerente de Vendas pudesse, a qualquer instante, enxergar os dados mais recentes sobre as vendas, relacionados com todos os seus dados externos e organizados de maneira que ele pudesse identificar instantaneamente padrões de comportamento, ameaças ou desvios, ele poderia ter agido na correção dos rumos. Com certeza, vários meses de não atingimento de metas poderiam ter sido revertidos e várias horas de jornada extra de preparação de informações poderiam ter sido canalizadas para a procura de novas oportunidades.
Amigos Gerentes de Vendas: Este dia está mais próximo do que vocês imaginam.